Operadores de apoio da gaiola do Carvalhão já viram marmanjos tremer.
Eles comparam trabalho ao de um médico: tem de ser rápido e eficiente.
Há dez anos, eles vivenciam os altos e baixos das escolas de samba do Rio, sejam da Série A ou do Grupo Especial. Trabalho que começa duas horas antes do início dos desfiles, ainda na sexta-feira, e só acaba quando o último carro alegórico passar da área de armação para a concentração no Sambódromo. Alex Ribeiro e Vladimir Coelho são os operadores de apoio de gaiola do Carvalhão – guindaste que ajuda a posicionar destaques no alto das alegorias.
Algumas vezes, eles despertam a inveja de quem esta na área da armação. Afinal, como frisa Alex, na gaiola em frente ao Setor 1, eles levam até quatro beldades, em minúsculos biquinis, para o alto do carro. Outras vezes, nem tanto, como lembra Vladimir, já que têm de ajudar destaques com roupas e esplendores bem pesados.
“Costumo dizer que nosso trabalho se assemelha ao de um médico: temos de ser rápidos e eficientes. Do contrário podemos comprometer o trabalho de quase um ano de toda a escola”, define Alex.
Entre as histórias curiosas, Alex e Vladimir contam que as mulheres costumam ser muito mais corajosas que os homens. Até porque gostam de se destacar. Já entre os homens, a coisa muda um pouco de figura.
“O cara que mais me decepcionou foi o Minotauro, lutador de MMA. O cara daquele tamanho amarelou na hora de entrar na gaiola. O pessoal teve de convencê-lo que era seguro, mostrar como funcionava. Quase que ele não desfilou naquele ano na Grande Rio. Deu trabalho”, relembrou Alex.
Mas eles se orgulham de já ter dividido a gaiola com cantores que admiram como Elymar Santos e Arlindo Cruz.
“Atualmente, trabalhamos mais nas escolas da Série A. Nesta segunda-feira, por exemplo, só subimos com destaques três vezes na noite. É que o pessoal das escolas do Grupo Especial preferem subir os destaques no Carvalhão que fica no meio da armação. Normalmente são carros muito grandes, com muita gente e elas não podem correr o risco de a colocação de destaques no carro atrapalhar o desfile da escola”, explicou Alex.
“Quando temos trabalho, temos também uma visão privilegiada da escola. O trabalho tem de ser rápido, mas sempre é possível dar uma olhadinha rápida no que está rolando na Sapucaí”, observou Vladimir.
Fonte: G1 Carnaval 2015